Falas do presidenciável Jair
Bolsonaro (PSL) sobre reforma da Presidência, a notícia de que seu guru
econômico, Paulo Guedes, é investigado e a expectativa de divulgação da
primeira pesquisa Datafolha sobre o segundo turno armaram o gatilho para que
investidores realizassem lucro nesta quarta-feira (10).
Após dois dias de euforia com o resultado da primeira etapa da eleição
presidencial, o dólar voltou a subir ante o real. Avançava 1,15%, para R$ 3,755.
O Ibovespa, índice que reúne as
ações mais negociadas, cedia 1,66% às 11h (horário de Brasília), a 84.577,58
pontos. Só os papéis da Eletrobras perdiam quase 14%, enquanto a Petrobras caía
cerca de 3% -as estatais têm sido grandes beneficiárias dessa onda de bom humor
no mercado.
Na terça-feira (9), Bolsonaro disse
que não usará o projeto de reforma da Presidência apresentado pela gestão de
Michel Temer, já em tramitação na Câmara, e que pretende fazer sua própria
proposta, segundo ele, mais consensual.
"Eu acredito que a proposta do
Temer como está, se bem que ela mudou dia após dia, dificilmente ela será
aprovada", afirmou.
Seu coordenador político de
campanha, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já havia dito que o entorno do
candidato não deve se movimentar, caso ele seja eleito, para a aprovação da
reforma ainda neste ano.
De acordo com Lorenzoni, se
Bolsonaro vencer, o assunto só será discutido depois da posse, e não na
transição.
Na avaliação de agentes do mercado,
as declarações vão de encontro com a visão do coordenador econômico de
Bolsonaro, o economista liberal Paulo Guedes.
"Fato é que o mercado está em
um namoro com Bolsonaro e Paulo Guedes, e muitos acreditavam que a reforma de
Temer poderia avançar ainda em 2018, no eventual cenário de vitória de
Bolsonaro. A fala de Lorenzoni pode ser interpretada ou como um simples ruído
advindo da dissonância de opiniões que o núcleo da campanha tem mostrado ou é
realmente a expressão de um desejo de Bolsonaro", escreveu a Guide em
relatório.
A preferência do mercado pelo
capitão reformado do Exército é apoiada justamente em Guedes, de quem
investidores esperam a imposição de uma agenda de reformas, corte de gastos e
ajuste fiscal.
"Desta forma, ele [Bolsonaro]
se coloca numa posição de antagonismo à de seu assessor econômico, que é mais
agressivo [no que se refere à reforma da Previdência]", disse o
superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Pesava ainda nos negócios a notícia
de que Paulo Guedes é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) em
Brasília sob suspeita de se associar a executivos ligados ao PT e ao MDB para
praticar fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais.
"Colocar Paulo Guedes em
evidência pela investigação preocupa em um primeiro momento, mas tudo ainda é
muito superficial para mudar a leitura do mercado. No limite, se Guedes sair, o
PSL deve buscar um nome com características parecidas para substituí-lo",
diz Cleber Alessie Machado , da H.Commcor.
Para Gomes da Silva, o viés segue
de baixa para o dólar "porque o mercado ainda crê na vitória de Bolsonaro
no segundo turno".
O mercado aguarda ainda a
divulgação de pesquisa Datafolha, a primeira após o primeiro turno da eleição
presidencial. Com informações da Folhapress.
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